12 de jun. de 2009

Encontros / o fim

Andando pela cidade fria e de céus avermelhados,
Reparei que a noite não esta tão solitária hoje.
Nunca havia sentido isso antes,
Olhando sempre de canto de olho,
Tudo a minha volta se transforma tão rápido,
Todas as curvas das esquinas
São tão previsíveis.
Clima úmido,
vento gelado,
Tantas blusas e tanto frio ainda
tanto pra sentir
e tão poucos passos até chegar.
Assim tento me deixar a cada passo...
Quero estar lá,
sinto que esta próximo.
Logo chego ao lugar de destino.
Entro e deixo meu chapéu na portaria,
pergunto sobre as ultimas noticias,
Nada demais...
Sento-me no bar, sozinho,
Acompanhado apenas de meus pensamentos.
Logo estou em um nível elevado dentro de mim mesmo.
Peço uma bebida qualquer,
de preferência verde.
Pessoas vão e vem o tempo todo
mas eu, permaneço ali.
Como se tempo o corresse por outro fluxo.
Nesta realidade paralela que fui jogado,
sou apenas uma mente presa em um corpo
Um corpo espetado,
tortura chinesa de mil laminas.
Tudo tão intenso!
Chego a sentir na pele.
Então alguém coloca uma moeda na maldita maquina
E quebra o silencio de minha mente.
Uma musica suave e melancólica vem até meus ouvidos.
Já nem sei em qual parte parei,
estou em tantos lugares.
Nada de fato, me prende aqui!
Logo a bebida vai abraçando meu organismo,
e passo a me lembrar de coisas que estavam adormecidas em mim há séculos...
Fantasmas!
Vozes!
Beijos!
Abraços!
Conversas ao vento!
Sou um pedaço de algo.
Já fui uma peça inteira,
um espetáculo,
um teatro,
Tempos remotos!
Um palco triste e escuro.
Nem me lembro quando,
mas já existi!
Um leve jazz toca em minha cabeça,
uma dança perdida,
um convite desperdiçado.
Pego um cigarro no meu bolso,
o décimo nos últimos minutos.
Dizem que vou morrer de câncer um dia.
Como se o pânico diante do fim
arrancasse um fio de consciência.
Então ela entra no espaço/tempo
e traz tanta luz consigo
Ninguém a percebe,
Carrega tantas duvidas.
Perigoso sentimento!
Desvio meus olhos,
mas cada desvio leva ao mesmo lugar.
Como se ela fosse o caminho de sempre,
o olhar de todos os outros.
Tanta luz!
Sinto-me quase humilhado.
Então ela senta-se ao meu lado,
não diz nada,
e pede uma bebida vermelha.
Estou eufórico!
Não sei se deveria,
Mas estou!
Logo alguém muda de musica,
uma melodia melancólica faz fundo com meu nervosismo.
Não é necessário palavras,
ou toques,
ela sabe o que eu quero,
eu sei o motivo de sua vinda.
Acendo mais um cigarro,
talvez o ultimo antes do fim,
ou primeiro de algum início.
Seus cabelos longos me deixam atordoado.
Não há palavras pra descrever tamanha beleza...
Peço mais uma bebida.
Então ela me olha
E logo percebo...
Entendo o que esta havendo.
Começo a refletir sobre alguns sentidos.
Termino minha bebida,
termino meu cigarro.
levanto-me.
Então uma voz doce e leve corta a realidade:
-Vamos?
Nunca tinha percebido a imensidão de uma palavra tão pequena e simples.
-Vamos!
Finalmente chegou.
Logo pergunto...
-Por que a demora?
Ela responde...
-Desculpe, não foi fácil chegar aqui!
-Vamos agora?
-Sim, vamos!
-O caminho é meio longo
Teremos muito pra conversar...
Logo a distancia faz de nós apenas dois pontos, na noite fria e avermelhada da cidade vazia.
Um adeus fica no ar,
nos olhos de quem nem nos viu partir.
A lembrança nostálgica.
Os sorrisos despercebidos.
Palavras distraídas.
Abraços perdidos.
Meu medo me trouxe aqui.
O mesmo mostrou-me outra forma de coragem
De lá saberei qual o sentido
Terei todas as respostas,
de perguntas que ainda farei.

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