17 de nov. de 2010

O indigesto cegar

Alguns sentimentos espalhados pelo tapete da sala
Um odor não muito admirável
Sangue por toda a parte
Talvez até um tanto de miolos na parede
Aquela mancha que se parece um quadro
Já foi um caminho
Repleto de sentimentos pulsantes
Plenos pulmões já foram um de seus maiores dons
Quando tudo era um pouco mais leve
O cheiro de flores era carregado vagarosamente pelo vento
E deixado como um presente
Seu presente por existir!
Uma linda casa
Um lindo livro, se escrito
Difícil quando tenta recordar a chegada do estranho imaginar
Como uma flecha envenenada
Sem perceber
Nem a dor desejou lhe avisar
Como se todo circo estivesse armado
E tudo já fora sido pensado desde o início
Lá estava um corpo e seu destino
A mercê de todas correntes amargas
Um teste sádico e cruel
Como se estivesse sendo avaliado
Cada dor deveria ser deliciada lentamente
Tantas vidas rezando
E buscando o melhor olhar
O ângulo mais ousado,
O sorriso menos amarelado
Enquanto vai sentindo tuas pernas adormecerem
Ele tenta sutilmente se virar
E agarrar seu melhor vicio
Qualquer cortina pode ser agarrada
Mesmo as de fumaça
Um homem e seu destino,
Destino?
Qualquer palavra poderia salvar metade de si
Mas quantas metades deveriam ser salvas?
A menos necrosada, talvez?
Um vento quente tenta beijá-lo furiosamente
Seria bom se houvesse equilíbrio
Um bom motivo para desejar uma luta
Talvez a ultima
Talvez a primeira em vidas
Hipóteses já não o salvaram
Ele se deita
E apenas espera que dor não lhe faça sentir câimbras
Logo cada sentir será apenas um lembrar
E quando tudo passa a ser mais amargo
Nenhuma esperança real lhe ouve
De nada mais vale estas feridas em teu joelho
O julgo do inocente será medida pelo teu cheiro
Os homens maus se alimentam de carne pálida
E vão esperar até que os olhos percam o foco
Mal podem esperar para se deliciarem de teu ultimo suspiro
Como zumbis famintos
Por todos os cantos
Escondidos em cada fresta de tua casa
Teu mundo será a mais doce e cheirosa armadilha
E quando estiver debruçado naquela ponte
Pensando em pular ou não
Sentindo cada batida de teu coração
Uma adrenalina surreal
O velho nó na garganta
E olhos queimando
Nem notará que invisivelmente
A mesa de jantar
E o leilão estará sendo iniciado.
Os homens de ternos caros
Costumam pagar cifras altas por sentimentos inocentes.