17 de jun. de 2010

Sutilezas

Estou agnóstico
Minha fé é menor que meus atos
Nenhuma solução real encontra-se no momento
Subi aquela rua de difícil acesso
Só pra encontrar o desconhecido desejo
O prazer momentâneo escondido em cada segundo
O limite do ser!
Tanto foi dito sobre este estado
Minha curiosidade sente-se desafiada
Quero me libertar
Vou voar
Mas não tão longe
Manterei esta corda amarrada em meu tornozelo
Posso ser seu adorno
Seu balão a enfeitar teu céu particular
Sua diversão até você encontrar algo com mais cifras e mais botões
Leve-me para passear
Tentarei deixar meu silêncio escondido
E darei algum sentido a cada palavra que for despejada de minha boca
Quero ser o desejo mais inocente
Serei o seu trato silencioso com o universo
Tentarei honrar cada promessa feita
Cada trabalho feito pra me trazer de volta a vida
Vamos caminhar hoje
Encontro-te atrás da fabrica abandonada
Estarei sentado naquele banco
Onde o vento parece ser mais frio
Estranho como as folhas deste lado
Parecem estar sempre caindo
E sempre fora de época
Assim como nossas teses e pensamentos
Você me conta uma historia triste
Para justificar o atraso
Eu faço cara de julgador
Mas por dentro estou flutuando
Que bom que você veio
Mesmo com todo o atraso
Escuto-te falar das dificuldades do mundo moderno
Mas na verdade só quero estar a seu lado
Respirar o mesmo ar de seus pulmões
Falar de perto
Sentir seu hálito quente e manipulador
Vamos jogar este jogo de novo?
Por mim eu estaria jogado em um colchão de solteiro
Em qualquer motel de quinta categoria
Pressionando meu corpo contra o seu
E tentando encontrar uma palavra apropriada
O sentimento certo para o momento
Sou o seu inicio e seu meio
Seu jogo predileto
Como quiser,
Assim será!
Sempre foi a sua maneira
Meus desejos sempre estiveram em seu estalar de dedos
Você se consola em meu amor desenfreado
Eu tento não transparecer que não cai em seu conto
Manipulando e sendo manipulada
O sutil jogo de dois corpos que se atraem
Vou até o refugio dos desesperados e esquecidos
Sou acorrentado a esta bola de ferro
E queimo no mais vermelho fogo e enxofre
E só de te olhar sentada a meu lado
Mesmo em silencio
Sinto-me livre de todas estas tormentas
Estarei sempre me dosando com sua voz
Assim falando e sorrindo
Com sua falta de jeito com palavras longas
Sem o menor senso de tom de voz
A imperfeição domina seu ser
E mesmo assim não percebo um pêlo fora do lugar em sua perfeita existência
Serei sempre esta parte ansiosa
E você estará sempre a me completar
Com sua aparente frieza
Mesmo errada, você sempre esta certa
Talvez seja seu tom de certeza
E eu sempre acredito em cada palavra
Que sai de sua boca
Perdemo-nos em nossos suores frios
E nos entendemos quando tudo esta fugindo do controle
Não me julgue
Nem me olhe assim
Há tanto a dizer
E não consigo nem montar uma frase com conteúdo
Algo a sua altura
Só consigo te olhar enquanto você desvia seu olhar
Eu tento resistir a suas mãos
E seu cheiro
O cheiro de sua pele
Sem nenhuma química amarga
Às vezes me perco em seus cabelos
Às vezes chego a acreditar que você existe
Mas sempre penso que um dia chegaras
E tudo que foi vivido
Não será mais relevante
E todos os sentimentos serão zerados
Pois a vida começara
Quando meus dedos tocarem sua pele morna
E sentir seu arrepio extasiante
Então saberei que nunca cheguei a existir até encontrar-te!

A luta

Cansado de tudo isso...
E todas as coisas só lhe fazem sentir mais distante
Sentado neste trono de ouro
Em um reino vazio
Imagina um futuro
E nada o faz querer estar lá
Aos pedaços e espalhado pelo assoalho
A confusão o consola
Jamais conseguiria moldar-se
Nem ser o que fora há tempos atrás
Quantos desejos insanos o tomam aqui
E quantos outros mais o tomarão
Neste quarto escuro
E sem compreender ainda o motivo de tantas correntes
Seria ele, perigoso?
Buscando respostas em sua atordoada memória
Não se recorda de nada...
Flashes de uma vida jamais vivida
Assombram-lhe a cada madrugada fria
Uma lagrima pesada e sem sentido
Insiste em machucar seus olhos
A ira e o tédio se aliam a fim de derrubá-lo
O muro mais alto e forte
Vai se desfazendo como uma construção de areia
Logo a imagem vai ficando mais nítida
O homem em pé e só
Diante das ruínas
Sem armadura ou armas
Vestido apenas com seu orgulho
Ele quer lutar
Mesmo que não haja um motivo
Seu sangue não será vendido tão barato
Do outro lado, o opressor
Acompanhado de um exercito que de tão infinito
É comparado a um céu estrelado
Existir não importa
A lamina quente o aguarda
Mas o homem nu não da sequer um passo para trás
Tantas batalhas inúteis já foram travadas
Vitorias sem sentido
Alegrias passageiras e fúteis
Seu exercito já não o pertence mais
Todos já se foram.
O silencio ensurdecedor o torna mais forte
Um vento calmo e nostálgico acaricia-lhe o rosto
Em pouco tempo
Tudo estará acabado
Para ambos os lados.
O medo não o toma neste instante
Morrer torna-se algo maravilhoso a se pensar
A ansiedade faz seus batimentos subir até o céu
Um breve momento a sós
Toda a espera que torna um milésimo em uma vida
Ele vai lutar...
Sim! Ele irá!
Correndo em direção ao fim
Ele consegue recorda-se
Tudo parece tão nítido agora
O fim e o início o acompanham
Lado a lado
Como se fossem seus generais mais fieis.
Algumas cabeças são derrubadas
Mas logo toda a euforia se transforma
E um golpe certeiro o derruba
Tudo acaba tão rápido
E o fim o abraça tão carinhosamente
Assim, como um bom amigo o reencontra
Morrer com uma espada na Mão
Não o fez mais nobre
Nem mais corajoso
Mas ele sabia que o fim
Deveria ser igual a toda a existência
O homem sem armas lutou até o fim
Mesmo sem motivos...